As duas matérias que reproduzo aqui são de assuntos relacionados à vida humana. Uma é uma carta-manifesto sobre o tráfico humano e a outra sobre a mobilização de feministas à favor do aborto. Esta última, de tão polêmica, por assim dizer pesada, é item na disputa política. Temos uma candidata à presidência que em campanha antes do primeiro turno tinha ou tem uma posição sobre o aborto, já está confuso.
No meu ver deve-se discutir a questão da vida humana focado no direito democrático, não por pressão de vertentes religiosas e de preconceito. Ora, qual parcela social é mais atingida? A mulher pobre, a de classe média ou a rica?
Também não para que se faça que a coisa corra de maneira frouxa, afinal temos um universo jovem em expansão, mas também não se deve fechar os olhos ou tampar o sol com a peneira para aqueles casos previstos no código penal.
Agora, uma coisa que encucuca, por que as rádios e as emissoras de tv não divulgam isso? Não fazem debates? Eu arrisco uma resposta, digo em outro post.
27/09/2010 Carta de São Sebastião Leia a íntegra da carta divulgada pelo Movimento contra o tráfico de Pessoas no Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças Considerando que o tráfico de pessoas é um crime fruto de diversos fatores como o tipo de globalização que vivemos na sociedade mundial, concentrador de riquezas nas mãos de poucos; Considerando que a Organização das Nações Unidas - ONU, admite ser esse crime o pior desrespeito aos direitos inalienáveis da pessoa humana; Considerando que é também a ONU a afirmar não haver países inocentes nesse tipo de crime globalizado, pois a nação ou vende ou compra o ser humano como mercadoria de consumo; Considerando que a Organização Internacional do Trabalho - OIT, afirma ser o tráfico humano a segundo fonte ilegal de renda do mundo perdendo apenas para o tráfico de armamentos, com uma renda anual de 32 bilhões de dólares; Considerando que é também a OIT que estima serem traficados por ano, cerca de dois milhões e 800 mil seres humanos para o trabalho escravo, exploração sexual e venda de órgãos e tecidos; Considerando que 83% das pessoas traficadas é constituído de mulheres e crianças do gênero feminino; Considerando que 48% das vítimas do tráfico humano têm menos de 18 anos; Considerando que nosso país, o Brasil, é tido como o maior “fornecedor” de jovens mulheres, adolescentes e crianças nas Américas traficadas para a indústria do sexo nos países do Primeiro Mundo. Considerando que também somos um país demandador do tráfico humano, além de termos um tráfico interno que incide de forma perversa sobre adolescentes e crianças; Considerando que o ocorrido em território brasileiro pode ser qualificado como vergonha nacional; Considerando que estamos às vésperas das de eleições presidenciais; Considerando que em tempo algum, ouvimos de qualquer candidato à Presidência da Republica, pertencente a qualquer partido político, menção de que o enfrentamento a esse crime faz parte de sua plataforma política de ação; Frente a todos esses fatos, o Movimento contra o tráfico de Pessoas constituído por cerca de 50 entidades da sociedade civil brasileira e os participantes do “Seminário sobre o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas: desafios e possibilidades”, realizado nos dias 23 e 24 de setembro, São Sebastião, 23 de setembro de 2010, Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças |
Feministas lançam Plataforma pela Legalização do Abortosexta-feira 1 de Outubro de 2010, porNeste 28 de setembro, foi lançado pela Frente em todo o país uma Plataforma com propostas para a descriminalização do aborto. Unificar a luta“Conseguimos unificar neste ato setores diferentes do movimento de mulheres, o que é muito importante, pois precisamos da união de todas as mulheres e de toda a classe trabalhadora neste tema difícil”, comemorou Luka, do PSol e uma das coordenadoras da Frente Paulista. A jovem ativista acredita que a pouca mobilização deve-se “ao machismo interno nos partidos e organizações que tem dificuldade em ver como estratégico o tema do aborto”. Além disso, “no período eleitoral, as candidaturas cedem às chantagens dos setores retrógrados, devido ao atraso da consciência popular, e com medo de perder votos, ninguém se coloca a favor da legalização”.“Para nós trabalhadoras é muito importante este debate, que é feito falsamente”, disse à Ciranda, a secretária da Confederação Nacional dos Trabalhadores “Cadê o homem que engravidou? Por que a culpa é da mulher que abortou?” Intercalando palavras de ordem ao som unido dos tambores da Fuzarca Feminista (batucada da Marcha Mundial de Mulheres) e do Batuque do Grupo de Mulheres Pão e Rosas (LER-QI e independentes), falaram diversas lideranças no ato A defesa do estado laico, a questão eleitoral, e o não posicionamento pela legalização do aborto por parte das principais candidatas no atual processo, foi criticada em várias das falas feministas. “Duas mulheres candidatas”, disse Flávia Vale, da LER-QI, “e ambas não mexem uma palha pela legalização do aborto, não podemos ter ilusões com os parlamentares”. Também Ana Luiza, do PSTU, criticou a atuação do parlamento. “São os parlamentares que impedem a lei de ser implementada, mas o Estado tem que ser laico e garantir o direito a todas as mulheres, independente de religião”. Plataforma contra a hipocrisia Várias ativistas do movimento estudantil (USP, Unicamp e UNE) fizeram uso da palavra em defesa das mulheres, como também as lésbicas, representadas pela LBL. Saudando esse “dia de unidade na América Latina pela construção de nossa autonomia e contra a criminalização do aborto”, falou Sonia Coelho, da MMM e da coordenação da Frente Paulista. “A Marcha Mundial de Mulheres tem desafiado os outros setores dos movimentos a discutir sem hipocrisia a questão do aborto; queremos um debate real sobre o que significa o aborto para as mulheres trabalhadoras, negras, pobres, quanto sofrimento!” Encerrando o ato, foi apresentada por Tatiana Berringer, da Consulta Popular e da MMM, a Plataforma para a Legalização do Aborto no Brasil, que vem sendo construída pela Frente Nacional desde o ano passado. “Escrita conjuntamente pelas organizações que compõem a Frente”, disse Tati, “ela se constitui de propostas de políticas públicas, leis efetivas que garantam o Estado laico, o acesso a contraceptivos, formação dos profissionais da saúde, direito, assistência social, garantias de serviço público de qualidade”. Soninha completou dizendo que “a idéia é debatermos amplamente esta plataforma, incorporar outros setores favoráveis à legalização do aborto, aprimorarmos as propostas. Queremos que as mulheres deixem de ser humilhadas, torturadas, presas, e que possamos discutir profundamente esta questão no Brasil”. Fonte: http://www.ciranda.net |
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